
Hoje um senhor chega-se junto de mim e pergunta-me se não me importo de lhe esclarecer umas dúvidas! Conversa vai, conversa vem, ele pede-me um conselho! E pede-me para não o levar a mal, mas que os meus colegas são um pouco crús e ele não se sente tão bem a falar com eles... (eu só pensei que não o censurava por isso, pois eles não são propriamente conversadores...)...
Mais tarde, chega uma senhora e, sem eu esperar, começa a contar sobre a família de gatos e de cães que adoptou e que cria com carinho: uma senhora de 70 anos é preocupada com a reciclagem, com a higiene pública (estou a falar da consciência em relação aos cãezinhos...), etc ("preocupações dos jovens" é o que se diz). E depois aprofunda e fala do seu passado, dos constantes obstáculos que teve e das coisas em que teve "muita sorte"! E chega, rapidamente, ao tema que nos move: o amor!
Está viúva há 12 anos, mas recorda-se do marido com o mesmo carinho, e pode mesmo dizer-se paixão, de quem se enamorou há pouco... e liberta uma lágrima... eu só olhava para ela, boqueaberta e sem palavras, agradecendo-lhe mentalmente pelo seu testemunho. Entrei no filme que me revelava, visualizava as cenas que descrevia ... e senti o que ela desabafava! Desejou-me boa sorte e acreditei nela! Senti-lhe uma força de viver que, não sei se a admiro por achá-la parecida comigo, ou se é por ansiar o que não tenho!...
A pessoas e as suas histórias... sinto-me a ler e a participar nelas ao mesmo tempo! No fundo precisamos desta troca...
Sinto sempre que ganho e sei que estas coisas nunca vêm por acaso: a vida tenta falar-me...