20090519

Carmina Burana: Canções de Beuren



Neste Sábado fui, juntamente com a minha irmã, ao Campo Pequeno assistir um clássico!
É uma obra poderosa e penetrante, e foi admirável ver e ouvir aqueles músicos e cantores tão bem coordenados e afinados! São profissionais, claro está, mas estiveram aproximadamente 100 pessoas em palco...

É nestas alturas que sei porque gosto tanto de música!...até tive vontade de aprender a tocar violino, maluca!


Vou deixar um pouco de história e de música de Carmina Burana... o saber não ocupa lugar!

"Carmina burana ( do latim carmen, 'canto, cantiga'; e bura(m), em latim vulgar 'pano grosseiro de lã', geralmente escura; por metonímia, designa o hábito de frade ou freira feito com esse tecido) exprime o significado da dualidade da sorte, que é o triunfo e a derrota (dualidade conflituosa e irreconciliável) presente na vida do Ser humano. A riqueza tenta a natureza humana pelo desafio ao jogo do poder.
Esta composição de Carl Orff (1895-1982) é diferente da ópera na forma genérica, pois não tem enredo e não é encenada nos moldes tradicionais. É uma ruptura que traz uma originalidade à música.
A antologia Carmina Burana dá um novo significado a todo o contexto do mundo cristão entre os séculos XI e XII. Os textos escolhidos para esta cantata secular foram descobertos em 1803, num velho mosteiro beneditino da Baviera, em Benediktbeuren, no sudoeste da Alemanha. Este manuscrito abrange todos os géneros de versificação: erudita, de paródias, de textos sacros, de canções de amor e melodias irreverentes. O manuscrito encontra-se, actualmente, na Biblioteca Nacional de Munique.

Carl Orff, nesta sua obra, pode querer revelar um conjunto de signos considerando que só o Desejo e o Amor podem capacitar o homem a viver, lutar e crer. Todo um cosmo onde o bem não existe sem o mal, o sacro sem o profano e a fé sem maldições e dúvidas: a oscilação onde se encontra a grandeza da humanidade. Este realce está carregado de um dualismo freudiano, o qual, na linha lacaniana, proporcionou uma nova leitura deste humanismo medieval, até então, considerado bárbaro e cruel. Chama a atenção a uma vitalidade que permitiu ao homem sobreviver ao sofrimento da guerra, pragas, injustiças, instabilidades; um mundo mantido na ignorância de tudo o que não fosse sacralizado pelo dogma.
Esta Cantata ao exibir signos da antiguidade, como o conceito da Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sortes, coloca-se como parábola da vida humana exposta a constante mudança. Uma melodia profana e, ao mesmo tempo, uma profissão de fé.
Houve uma fusão perfeita entre a obra e o método de Orff. Conservou-se o cenário idealizado das produções medievais assim como o endereço do homem contemporâneo que, revestido de toda modernidade, ainda conserva instintos primitivos apesar de andar em carros luxuosos, de usar roupas de marca e de trabalhar em modernos edifícios..."


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